Mau humor crônico pode ser doença. Entenda a Distimia.
Muitos se lembram do antigo personagem Hardy, uma hiena extremamente pessimista que era acompanhada por Lippy, o leão otimista que tentava animá-lo de todas as formas. Todos nós somos capazes de citar algum parente, amigo ou colega de trabalho que se pareça com Hardy. Aquela pessoa que é extremamente pessimista, que está sempre de mau-humor, irritado, cansado, calado, evitando contato social e com dificuldades em manter amizades e relacionamentos. O que muita gente não sabe é que esse indivíduo pode ser portador do que chamamos de Distimia ou Transtorno Depressivo Persistente.

A Distimia geralmente surge na adolescência ou início da vida adulta e quando não tratada pode evoluir para quadros graves de Depressão Maior. Possui uma prevalência assustadoramente alta, estimada entre 3 e 6% da população (Seretti, 1999 – Akiskal, 1994 – Avrichir, 2002) e consiste na existência, por pelo menos 2 anos, de humor deprimido na maioria dos dias, na maior parte do dia, além de dois ou mais dos seguintes sintomas: alteração de apetite (aumentado ou reduzido), alteração de sono (hipersonia ou insônia) , fadiga ou baixa energia, baixa autoestima, dificuldade de concentração ou na tomada de decisões e sentimentos de culpa e desesperança.
Este quadro se difere da Depressão pois seus sintomas são mais leves e duram mais tempo, o que dificulta que o próprio indivíduo se perceba deprimido e, ainda pior, procure ajuda. Quando o fazem, procuram o clínico geral com queixas de cansaço, alterações de sono e apetite. Geralmente dizem "eu sempre fui assim" e acabam por conviver com estes sintomas por muitos anos, com grandes prejuízos como dificuldade em manter relacionamentos e frequentes faltas ao trabalho.
Assim como outros transtornos de humor, a distimia tem tratamento. Após a avaliação individualizada pelo psiquiatra e feito o diagnóstico correto excluindo-se outros quadros clínicos, inicia-se o uso de um antidepressivo adequado para o perfil do paciente e tratamento psicoterápico (com psicólogo). Com o acompanhamento correto e bem orientado, espera-se melhora significativa nos sintomas e, consequentemente, na qualidade de vida do indivíduo.